Helena Braga, pesquisadora que lidera a criação da bateria autocarregável, explica como elas funcionam e o que podemos esperar para o futuro.
Em 2020, a equipa da investigadora e professora na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), Helena Braga, lançou os fundamentos de uma bateria autocarregável revolucionária, que combina “capacitância negativa e resistência negativa” numa única célula.
Embora que, atualmente as baterias que se carregam sozinhas ainda não sejam comuns na indústria, Braga partilhou no podcast “O Futuro do Futuro”, do Expresso, que está otimista sobre a sua implementação em breve e detalhou o seu funcionamento inovador.
Como Funciona Esta Tecnologia?
Segundo a professora, a bateria autorecarregável opera de forma semelhante às de iões de lítio, contendo um ânodo, um cátodo e um eletrólito. O eletrólito é o meio que permite o fluxo de iões entre os elétrodos, a converter energia química em elétrica.
Nas baterias autorecarregáveis, o processo de colocar os iões na posição correta ocorre espontaneamente dentro do eletrólito. Este eletrólito sólido é ferroelétrico, o que significa que, a uma certa temperatura, cria zonas de carga positiva e negativa sem necessidade de energia externa. Esta característica pode reduzir os custos associados ao uso da rede elétrica.
Além de serem sólidas, estas baterias utilizam iões de sódio, um material abundante. Embora o uso de sódio em baterias não seja novo, as versões anteriores utilizavam eletrólitos líquidos. Braga acredita que, embora ainda seja cedo para aplicar estas baterias em automóveis, isso poderá acontecer em breve.
O Futuro das Baterias
A bateria autorecarregável é apenas o início de uma revolução energética. Braga mencionou também a possibilidade de baterias sem fios, que permitirão carregamentos à distância. Este tipo de tecnologia, considerada “o futuro do futuro das baterias“, complementa outras inovações como as baterias de estado sólido com sódio e potássio, que prometem superar as capacidades das atuais baterias de iões de lítio.
Concorrência e Redução de Preços
Um dos maiores desafios na produção de baterias é o seu custo. Helena Braga prevê uma diminuição dos preços devido à concorrência, com 39 gigafábricas de baterias planeadas na Europa, enquanto a China começa a restringir novas instalações. Sobre a autonomia dos carros elétricos atuais, Braga cita o exemplo do Lucid Air Grand Touring, com uma autonomia de até 832 km, a demonstrar os avanços já alcançados.
Em resumo, a bateria autorecarregável e outras inovações apontadas por Helena Braga estão prestes a transformar o mercado energético, prometendo mais eficiência e sustentabilidade no futuro próximo.